quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Espera

Ilhado, é uma boa definição.
Estou aqui novamente, esperando os ventos trazerem minha dignidade, minha identidade. Enquanto isto, espero sentado. Eu sei, não deveria ficar parado, mas estou sem forças ultimamente. Acordei devastado por mim mesmo, escrevi milhares de carta para lhe mandar. Mas todas, inclusive a que considerei, tornaram-se bolinhas de papel que estão no meu campo de visão, do lado da escrivaninha. Não as joguei no lixo, estava coberto por elas, banhado em sentimentos para pensar sobre isso.
Não as enviarei, saiba disto.
Disse-me isto uma vez,que eu adoro demasiadamente o sofrimento, acho que foi um dos grandes motivos para afastar-nos, mas, não lembro-me direito.
Mas agora, sem nenhum calor momentâneo, posso dizer-lhe que estava certa, completamente. Abaixo minha cabeça diante de ti, para explicar-lhe humildemente o que me motiva a adorar algo tão desastroso.
Na tristeza encontro a razão, e a razão, faz-me pensar sobre tudo aquilo em que eu deveria refletir, encontro no sofrimento a inspiração que necessito.
Sou influenciado de varias formas, não ache isto uma falha de caráter, por favor.
O mundo, a cultura me influenciam, de uma forma benéfica, porém, as pessoas, exercem em mim um tipo de influencia que pode tornar-se maligna.
Sou resultado de todos os fatores que me rodeiam, sei que as pessoas são necessárias, mas por enquanto, quero apenas esperar. Esperar para ver se algum dia, poderei tornar-me algo que não sofre tanto com esta influencia.

Peter.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

His

Hoje, diferente de ontem, ele entrara calmamente pela sala.
Passado pelo corredor pequeno e estreito, mas certamente assustador, os quadros de família a encarar-lhe, como se soubessem de tudo que se passara durante a noite, de todo o infortúnio.
Entrara no seu quarto, tudo encontrava-se exatamente como havia deixado mais cedo, a cama por fazer, as roupas espalhadas pelo chão, a unica alteração, era em si, as luzes que era obrigado a acender, a luz amarelada enchia o aposento, dava um ar realmente sombrio, mas pensava que talvez fosse ele que estava com o terror em mente, e não importava onde fosse ou o que fizesse, continuaria com medo, horror, quem sabe.
Deitou-se queria apenas apagar, os remédios para dormir deveriam estar na mesinha, do lado, do lado de quê? Por favor, que conseguisse se lembrar.
Oh claro! Do lado da garrafa de whisky, poderia aliviar a tensão com os dois. Talvez, simular uma linda overdose.
Olhava vagamente para o frasco com os comprimidos e furtivamente lançava olhares ao whisky, a ideia parecia-lhe tentadora.
Maldição, nada poderia fazê-lo esquecer-se? Nada?
O sabor, o cheiro... Era tudo demasiadamente agradável, mas tão demoníaco. Talvez uma história lhe acalmasse, seu livro predileto, onde estava?
Não, esse livro não,o fazia se lembrar de sua noite, e ele não podia lembrar-se.
Exausto, exausto de mais, os comprimidos talvez fazendo efeito, sua mente estava processando devagar agora, cairia inconsciente logo. A cama lhe pareceu confortável, então veio a escuridão e ele já não era ele.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Au revoir

“Ato consciente de aniquilação auto-induzida, melhor entendido como uma enfermidade multidimensional em um indivíduo carente que define uma questão para a qual o ato é percebido como a melhor solução."
Hoje é como se fosse o fim, as coisas nunca foram tão não importantes, é como se tudo que se acreditasse esfarelasse. Sou de fato um ser perturbado e problemático. É incompreensível, eu sei.
Devo ser egoísta demais para me importar com outros. Sou uma farsa.
Minha identidade falsa esvai-se diante de meus olhos e aquela sensação de esgotamento se espalha por cada célula do meu corpo.
Sou demasiadamente raso para intimidar ou interessar alguém. As pessoas não se importam, não me vêem. Estou a um passo de mudar de casa, queria algo confortável e familiar, mas acredito que jamais será assim, não sou disso.
Trancarei-me nessa nova casa, mas dessa vez não quererei sair, eu sempre soube disso.
Não precisarei de janelas ou portas, na verdade, não as quero. A luz do exterior me cegará e fará com que eu sinta muita dor.
Sou agora apenas um fantasma que vaga diante de todos, mas as pessoas estão ocupadas demais para perceberem isto. Acho que chegou ao fim, o momento de despedir-me de fato e de uma vez, para sempre.
P.E.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Abdicação

E permanecia parado, sentindo as gotas caírem em sua face como estacas pontiagudas a perfurar cada milímetro do seu corpo...
Mas mesmo que tudo não passasse de uma demanda suicida, ele sabia que esta dor era menor que a outra.
Mascarando o sentimento que o preenchia, que o consumia.
Tudo voltava-se para ela, facetas de arrancar-lhe arrepios, pele alva e lisa, cabelos de ébano que emolduravam o rosto simetricamente perfeito, a imagem não o abandonavá-o, não abandonavá-o.

domingo, 28 de novembro de 2010

Broken

De fato, me encontro em lágrimas, que deprimente.
Arrancaram-me o coração, pisotearam-no e eu estava a assistir tudo isso.
Sou uma farsa, não possuo coragem, ou força ou impenetrabilidade.
Pediram que abrisse meu coração para dá-lo aos corvos, só pode ter sido.
Trataram-no tantas vezes como apenas um objeto deplorável, mas ainda permaneci assistindo, compactuando.
Vi tantas vezes combinarem coisas das quais jamais seria incluído, comentarem das vezes em que fui esquecido.
Mas permaneci, na chuva a observar, como o pássaro que perde suas asas e permanece parado, olhando e rezando para que elas cresçam novamente.
Sabe, elas não crescerão, não tenho mais energias ou juventude para isto, sou um pássaro velho, abandonado por mais de uma vez. Meus ossos se tornaram de vidro, fragilidade e medo tornaram-se palavras que me definem com grande sucesso.
E os momentos registrados foram sinais, sinais tão simples e elegantes que preferi ignora-los. Registrados por esse ser quebrado e inútil, onde aparecem vocês meus caros, somente vocês, o ser permaneceu por trás, sem fazer parte de coisa alguma.
Obrigada, foram os melhores tempos,mas agora gostaria de um lugar em outro planeta, para me recuperar, recomeçar. Mas não há recomeço, não haverá.
É isto, chegamos ao fim.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Amour

E estava apaixonado, tão cega e perdidamente
Que ficara impressionado com a facilidade e simplicidade com que isto ocorrera...
Seu coração latejava ardentemente, velozmente.
Seus pensamentos focavam-se apenas em seu objeto de adoração.
Acreditava intensamente na sorte e fervilhava de altruísmo.
Via-o em todos os cantos
E seu tato apenas sentia-o, nada mais.
A imagem que ficara gravada em sua memória,
A grandeza daquele ato tão simplório e
Tão evasivo resultado o deixava ainda boquiaberto.
Jamais esperara que olhar para o ser do espelho o deixaria tão atônito.

domingo, 24 de outubro de 2010

"Começo a ter vergonha de minha própria espécie, e isto, em si, já é uma vergonha."

domingo, 26 de setembro de 2010

Madrugadas, estreladas ou não

Madrugadas, doces e límpidas madrugadas.
São aqueles momentos que nos oferece reflexões profundas e complexas.
O momento em que o sono invade nossas mentes e não conseguimos distinguir entre o real e o imaginário, entre o tocavel e o intocável.
Serenidade, ah! querida serenidade. Como gostaria de possuir-te sempre.
O instante em que existe a profusão de sentimentos e lembranças, mas a serenidade ainda existe.
Impressionante e cômico, me sinto comovido por tudo isto.
Meu céu, teu céu, nosso. Eu queria tanto poder dizer que vemos o mesmo, que apreciamos o mesmo.
Mas não sei dizer com certeza alguma, convicção alguma.
Meu céu pode ser escuro, aquele das noites sem lua, e as estrelas encontram-se apagadas pela quantidade exagerada e segura de luzes das cidades.
E o teu céu pode ser claro e coberto de estrelas.
E isto, muda tudo.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Pós-chuva

Caminha, passos, unidade, poças, barulhos.
O dia inteiro fora chuvoso, a noite era de uma doce ressaca, parecia que a esperança havia voltado com o passar da chuva.
O cheiro de pós-chuva sempre agradável.
Nariz, narinas, olfato, delicioso.
Crepúsculo, luz deixando lugar a escuridão, segura e terna.
Olhos, imagens, céu, sol, lua, estrelas.
A umidade havia feito um terrível estrago em seus cabelos, que pendiam nos ombros, isto era em que acreditava.
As luzes artificiais da cidade viam à tona.
Passos, largos, rápidos, distintos, esquina.
Parada na ponta da longa rua, estava a sua espera, a sombra.
Delgada, elegante, cabelos tão negros que contratavam de maneira fantasmagórica com seu rosto extremamente branco.
Mas o impulso veio.
Sorriso, felicidade, alívio, saudades.

domingo, 19 de setembro de 2010

Bem-vindos

Tão triste é perceber que estávamos apenas a observar nossas míseras vidas esvaindo-se diante de nossos olhos.
Eles se lubrificam, e nesses momentos nossa visão fica levemente embaçada, quando percebemos não podemos mais enxergar, tudo escureceu, simples assim. Tão simples que nos enfadonha e desespera. A luz deixara nossos corpos, deixara nossos olhos.
Bem-vindo à escuridão, ao desconhecido, ao mistério. Seja muito bem-vindo.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Fraqueza

Como gostaria de olhar-lhe na face e ter plena certeza do que dizer, do que fazer.
Mas assombro-me pois a cada instante vejo que minhas palavras esvaem-se, tornam-se vazias e sem sentido. Não tenho sentido, não vejo sentido.
Queria tanto poder dizer-lhe o que sinto, o que desejo. Mas realmente perco-me em seus olhos, lábios, língua, hálito, sopro, toque. Sou fraco, miseravelmente fraco, perco minhas convicções assim que pouso meus olhos em ti. Então, peço-lhe, por favor, interprete-me, compreenda-me por mim, pois perdi meu próprio eixo.
Entenda que seus toques não são mais os mesmos para mim, quero-lhe e não quero-lhe, então por favor, livre-se de mim, livre-me de mim.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Sérénité/Serenidad/Serenity/Sereniteit

Você vê todos a sua volta sorrindo, conversando, bebendo.
Em meio a um bar movimentado de subúrbio, de fato, um bar consideravelmente mais organizado e agradável do que se espera.
Sentado em seu próprio e discreto canto, encontra-se a observar, apenas observar. Mas qual outro fim o levaria a sentar em um canto tão afastado?
Via-os tão exaltados, alegres. Em outro canto uma jovem recebia uma cantada, deliciava-se por sentir-se tão desejada, sua vestimenta um pouco vulgar, mas nada em exagero, era somente para deixar-lhe a mostra mais de suas sinuosas curvas.
No bar um homem pede uma bebida, talvez já esteja um pouco alterado, mas nada de realmente perceptível. Lança um rápido olhar a jovem a ser flertada, provavelmente pensa em algo adorável ou talvez um pouco mais erótico, pois balança a cabeça com um leve sorriso nos lábios e leva o copo à boca, toma-a em apenas um gole. Levanta-se lentamente, caminha tanto quando, mas para, faltou-lhe a coragem, volta a sentar.
Pede mais doses, crê que de uma bebida forte, "tomando coragem", é possível que dissesse.
Não era um homem velho, deveria estar nos seus 38, 40 anos, a jovem deveria estar nos seus 20, 23. Romances assim estão comuns atualmente.
Percebe, ele fica perceptivelmente embriagado.
Chegou o momento, ele vai se levantar caminhar até ela, e agir como um... bêbado. Perdeu a chance.
Antes de ver o grande ato e vexame, joga algum dinheiro na mesa, sai pela porta, anda lentamente pela rua, tão movimentada e barulhenta, mas não é algo que te incomoda mais, então tira o molho de chaves do bolso e coloca na fechadura.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Uma hora

Creio eu que haviam se passado dez anos, mas insistem em dizer-me que havia se passado apenas uma hora.
Não fez sentido, não faz o menor sentido, como pôde a dor que se estendia para além do que eu poderia suportar ter durado apenas uma mísera hora?
Em uma hora eu derramei tamanha quantidade de lágrimas?
Em uma hora eu fora tão estraçalhado?
Em uma hora eu envelheci tão tremendamente que posso ver meus próprios fios brancos? Se sobressaindo em minha longa barba e cabelos?
Em uma hora meu coração ter parado e retornado a bater tantas vezes?
Não há como eu ter mudado, sofrido, em apenas uma hora.
Digam-me a verdade! Sofri por tanto tempo que esqueci-me de viver, me assustará, de fato. Mas por favor, não digam que fora em apenas uma hora. Em uma hora meu eu não pode ter se esvaído, quero ter lutado por um longo tempo por ele, não apenas uma hora.
E o que é uma hora? 60 minutos? 3600 segundos?
É tão pouco tempo... mas dizem que 1 segundo faz diferença, que toda uma vida pode mudar. Então tenho que contentar-me em ter minha vida mudada em uma hora?
Pareço tão insignificante se penso assim. Adeus, meu eu.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Espécie

Sou uma criatura abominável, falsa, hipócrita.
Ofendo minha própria espécie.
Minha espécie... aquela que aniquila, humilha, maltrata, ofende, tudo o que é vivo.
haha
Espécie a minha que vem a me decepcionar e é constantemente ofendida por mim, sou talvez um traidor. Mas queria poder dizer que acima estou deles, de todos eles...
Mas sou igual, apenas mais um dentre todos.
Vejo-os nas ruas a vagar, olhar e pedir, mas jamais dei-me ao trabalho de tentar mudar, ajudar, socorrer. Minha alma deixou de ser pura, manchou-se, corrompeu-se.
Sou agora mais um deles. Tornei-me um dos que vagam, sem rumo, esperança.
Minha esperança se foi junto com todos aqueles que morreram por aquelas malditas explosões. Desprezo-me. Desprezo-me cada vez mais por ser tão insignificante por apenas deixar jorrar de minha boca palavras que não farão diferença alguma, que eu não faço diferença alguma, eu não tento fazer.
E agora novamente volto ao meu principio de dizer palavras sem razão e que não mudarão nada, absolutamente nada. Meu mundo se vai, muda e se destrói, e eu continuo aqui a dizer apenas palavras bonitas. Eu sou agora parte da minha espécie.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

"Incontáveis vezes perdi meu próprio rumo e na verdade, creio que jamais o reencontrei."

segunda-feira, 19 de julho de 2010

"O mais triste não é morrer de uma doença, e sim, não poder viver por conta dela."

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Ofensas e talvez elogios

Rios de lembranças enchem-nos, nostalgia.
Em certos momentos encontramo-nos estáticos recordando, em lugares incomuns, mas por conta de um simples som, imagem, sensação corrompe-nos.
Surpresa! Você foi pego mais uma vez. Aprisionado nas sensações, não sabia que estava extremamente bem, e, foi-se, ficou o toque, o sabor, o cheiro, a melodia e a descoberta, do quão gostava de tudo aquilo e como acabou-se com rapidez estupenda.
Seus modos mudam, vida, circulo social, mas algo te transforma permanentemente.
Continua tentando fazer o mais difícil, tornar artísticos aquilo o que escreve.
Nada mais voltará, envelherecerá, morrerá, sim, e jamais será equivalente, jamais...
Seres incrivelmente mutáveis somos. haha
Sim, seres terrivelmente incríveis e inescrupulosos.
Parabéns, e boa sorte.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Pureza

Discursos hipócritas, logo serão banalizados, destroçados.
Pisotearei-os eu mesmo, pessoalmente, sem injurias e cheio de determinação.
Minhas próprias palavras massacradas, por minhas mãos ou por as de qualquer outro.
Como posso dizer... Meus conceitos mudam, formatam-se, adaptam-se.
E querem saber? Isso é um grande poço de infortúnios.
Minhas palavras se tornaram mentiras, mentiras que me torturam, matam-me pouco a pouco, por que não?
Não posso fazer mais citações de meus queridos ex autores, ofenderia-os. Oh! sim, sairiam ofendidos.
Não julgo-me, muito menos quero que julgue-me.
Quero livrar-me da simples hipocrisia. Queria me ver livre de toda essas palavras malditas, falsas.
Quero me ver limpo, puro.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Não sei.

Seu canto, o ar mudava, tornava-se mais denso e palpável.
Seu olhar enchia tremendamente minha mente e a fraqueza se abatia sobre mim.
Nunca pensei que tal doce aroma chegaria a me afetar, atacar, apunhalar.
Sou tão fraco quanto qualquer outro mortal agora, perderei-me em uma difusa confusão, não saberei diferenciar entre eu e o vento, água, terra, seremos todos apenas um.
Penso se o canto da morte e seu olhar causariam tamanha sensação doce na língua e ponta dos dedos.
Sou apenas humano e toda essa sensação mostrou-me isto, não sou invencível e invulnerável, sou como qualquer outro que pode afetar-se.
Queria voar mas contento-me em ficar com os pés na terra, não havia me deparado com a morte como acreditei.
A sensação continua, e não sei dizer a que fim me levará, não se é a morte arrastando-me para o inferno ou céu, apenas não sei.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Sophia dear again.

Minha querida Sophia,
Desculpe-me por tanto tempo ter desaparecido,
queria contar-lhe apenas boas notícias, mas por meu destino talvez, eu tenho um coração em pedaços agora.
Ele parou de sentir, está inerte, mas aquela dor permanece dentro, a visão desse sentimento me desespera.
Meu coração está em pedaços e não posso resistir,
não o encontro mais em meu peito frio,
quero-lhe comigo, volte doce Sophia, volte.

Peter.

Corromper, manter

Não há o que modificar,
tudo está como deveria estar...
Permaneço apenas sonhando contigo,
lamento mas minha alma é manchada e corrompida.
Contudo, continuo a sonhar, a crer e querer.
Seres como eu não deveriam querer nada, absolutamente nada.

Teus caminhos.

Pés cansados, olhos esbugalhados e garganta seca.
Talvez pela falta de tempo e idéias que o fizeram passar pelo caminho mais longo e árduo.
Chegara esgotado em seu suposto abrigo desprovido de toda sensação de tato, acabara-se toda a energia corporal e mediante a isto esgotado e sedento.
Sedento por tantas coisas que nada poderia alcançar, ao desconfiar da verdade, novamente o labirinto da perdição se pôs a sua frente e dessa vez não havia nada, alguém ou algo que o pudessem parar ou atrasar sua passagem.
Voltara a sua mente momentos passados e belos, triste, incontáveis.
Pessoas passaram diante de teus olhos, as que foram, todas elas, especiais e suas antigas salvações. Descobrira agora a verdade da qual tanto tentara fugir. A sinceridade de seus pensamentos e conclusões assustavam-no, estavam fora de seu controle.
Seu próprio corpo, movido por seu cérebro estava incontrolável.
Não mais eram seus, nem as pessoas, nem as lembranças, nem seus pensamentos nem ao menos seu corpo. Descobrira que nada mais o pertencia ou talvez jamais o pertenceu, arruinou-se por si só, iludiu-se.

domingo, 25 de abril de 2010

Bonheur

Encantado estava naquele mesmo estupor. Envolvido apenas de pensamentos, lembranças e sonhos.
Envolvido por pessoas irreais, das quais a presença era tão saborosa e tão coberta de fragrância, que poderia ir com as belas criaturas a quaisquer lugares, assim que o chamassem.
Tocá-las, não fazia parte de seus desejos e planos, sabia que ao encostar, sentir suas leves texturas, descobriria a mais deprimente verdade.
O lugar fazia parte de mais uma de suas velhas lembranças, paradisíaco, estático, sóbrio, imutável, com a combinação mais bela já vista, com espectros rondando-no.
Despertara nele a consciência de que um ser sonhador em meio a toda aquela imaginação, poderia desfrutar de um momento verdadeiro, onde fora um dos a experimentar a felicidade.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Os tempos

As imagens angelicais, são tremendamente belas e tristes.
Tão belas que lágrimas chegam aos olhos e retiram suspiros profundos e demorados.
Tristes pois lembram-nos de nossas próprias falhas, e forçam-nos a pensar em tais.
Belas e tristes, combinação dramática e ideal, a beleza mais profunda está na tristeza, pois na tristeza enxergamos com mais clareza, maior razão.
É a beleza que nos toca, faz com que sentimo-nos aflitos e pensativos.
E anjos que deveriam simbolizar a felicidade, paz, luz...
Cegam-nos com o brilho de sua beleza, deixam-nos desnorteá-dos.
E acabaram por perder todo seu simbolismo nos tempos modernos. Mas, se pensarmos, eles representam algo mais profundo e mais tocante para as pessoas dos tempos modernos.

terça-feira, 6 de abril de 2010

La fin

Percebemos tantas coisas, quando por um simples impulso, paramos e pensamos um pouco em nossas próprias vidas hipócritas e sem sentido.
Descobrimos tamanhos erros, diversas cenas inacabadas, abandonadas. Descobrimos também que nos metemos em imensuráveis coisas por simples deslizes, simples incompreensão ou tédio talvez.
Queremos voltar atrás em diversos destes casos, mas nossas queridas e únicas chances se foram, teremos agora de meter-nos até o fim de todo o assunto, magoar alguém, se machucar, chorar, rir, arrepender-se, cantar, gritar, pular, enlouquecer-se, diversas possibilidades no grande final, mas nenhuma é o certo, o mais seguro, ou o mais cotado para ser "perfeito".
Não existe nada perfeito, sabemos disso, e mesmo assim iludimo-nos sobre isso, queremos crer que existem o certo e o errado, o bom e ruim, anjos e demônios, queremos tudo tão bem dividido que esquecemo-nos que tudo é simplesmente uma grande massa uniforme de casos e pessoas, sentimentos e razões, iludimo-nos, para não enlouquecer e perdermo-nos em nossas próprias vidas, queremos tanto ter um destino, que esquecemos que estamos taxados a viver inconsciente e sem respostas.

sábado, 3 de abril de 2010

Lares

A estranheza da situação o deixou perplexo. Estava feliz, envergonhado, acanhado e triste, não sabia como poderia haver tamanha junção de sentimentos, mas nele havia.
Em seu íntimo queria chorar de felicidade e pesares, queria demasiadamente ficar inconsciente, apenas despertar quanto toda a confusão houvesse passado.
Como gostaria de poder voar e esquecer com facilidade, como queria simplesmente viver.
Sentir a respiração livre, com o ar úmido e morno, frio talvez, mas assustavá-o a sensação de gelo em suas narinas.
Precisava de um tempo consigo mesmo, com sua consciência, sabia disso.
Então parou, olhou em sua volta e percebeu que havia chegado no único lugar em que se sentia realmente em casa, onde, nada mais importava, não havia mais sentido em suas preocupações.

segunda-feira, 29 de março de 2010

A busca

Queremos incontáveis vezes perder-nos em nossas buscas.
Acreditamos tão cegamente que esta é a unica solução, que decepcionamo-nos, quando descobrimos que as soluções estão tão próximas e são inevitavelmente simples que fechamos os olhos para estas.
Gostaríamos da adrenalina correndo em nossas veias que procuramos respostas para perguntas inexistentes e questionamos absurdos inquestionáveis.
É, talvez somos seres tão tremendamente estúpidos, que realmente acreditamos nas nossas verdades.

terça-feira, 23 de março de 2010

Merveilleux Monde Enchanté

Encontrava-se mais uma vez em um de seus momentos com real lucidez.
Nada de imagens embaçadas, desfocadas e falsas. Estava ali, e sabia disso, tinha a certeza.
O ar estava menos denso, menos carregado, passando com facilidade por suas vias respiratórias, a sensação era ótima, poderia gritar e seria ouvido, sabia disso.
No seu melhor lugar e momento sentia-se eternamente livre e feliz, as cores brilhavam diante de seus olhos, os objetos possuíam a melhor das texturas, o sabor, oh! o sabor, era único.
Mas fora apenas por uma questão de segundos, que se viu no seu maravilhoso mundo, a claridade incomodou seus olhos, e fez com que despertasse, de seu maravilhoso encantado mundo.

Labyrinth par Sophia

Estarei aqui a espera de seu retorno.
Meus suspiros terão o mesmo motivo das vezes passadas.
Os pensamentos que rodeiam minha cabeça dedico-lhes a você, adorada Sophia.
De tempos em tempos me pego mais uma vez entristecido por sua ausência, não sou forte, devo não ser de fato.
Os dias estão difíceis sem tua companhia, as esperanças desfeitas me fazem acreditar que nunca recuperarei o antigo entusiasmo tão eufórico que tinha, você tornou-se a unica crença que tenho.
Espero desesperadamente que retorne a mim, como sempre fora. Sua loucura temporária terá de passar.
Meus dias de sanidade estão contados, a cada dia chego mais perto de perder-me em um labirinto sem volta.

Presença

Não se ausente por tão longos períodos,
sua companhia tornou-se
de grande importância.
Impede-me de enlouquecer e acabar
por me atirar em uma nova
fogueira em brasas.

Charte Sophia

Minha querida Sophia,
Desculpe-me por tanto tempo ter desaparecido,
queria contar-lhe apenas boas notícias, mas por meu destino talvez, eu tenho um coração em pedaços agora.
Ele parou de sentir, está inerte, mas aquela dor permanece dentro, a visão desse sentimento me desespera.
Meu coração está em pedaços e não posso resistir,
não o encontro mais em meu peito frio,
quero-lhe comigo, volte doce Sophia, volte.

Anjeli

Não existem anjos meu amigo,
nem ao menos demônios.
Isso está dentro de cada um,
fragmentos apenas, destes.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Sorriso

Mais um dia você espera,
confesse-se.
Chora ainda por aquele velho rancor.
Suspira pelo antigo sonho.
Espera pela mesma visita.
Como arrependo-me de ter lhe dito
coisas desesperadoras sobre o mundo.
Queria ver novamente o sorriso
em seus lábios.
Mas sua inocência e ignorância
se foram...

Paranoia

Novamente te ver é bom

Me agrada aos olhos

Enche novamente meus pumões de ar

Tranquiliza meu coração

Comprovar que está bem e seguro

Poder tocar e sentir que continua aqui

Meus passos de encontro a parede

E de volta a outra

Você soube me deixar alucinado

Paranoico e preocupado

A histerica tv anunciava

Que mais uma matança havia acontecido

Sem noticias suas me senti nervoso

O mundo não teria sentido sem você

Isso me deixou aflito

Não faça isso comigo novamente.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Estático

Se encontrava no local, parado, observando.
Não fazia parte do momento, sabia disto desde o inicio.
Olhos vermelhos, soluços, promessas, saudades antecipadas, abraços comoventes, beijos, carícias.
No fim, uma fina película, clara, distante, separavam-os.
Olhos umedeciam-se ao olhar através, ele agora com olhos embaçados, pensamentos distantes, em outras épocas mais agradáveis. Não poderia deixar escapar nem uma simples gotícula de seus olhos cheio delas, sabia que não poderia fazê-lo, se o fizesse perderia o único pedaço que restara, não pertencia mais a si o direito de deixá-las rolar.
Seu lugar agora tornara-se somente observar e sentir em silêncio, porque tudo o mais, não o pertencia.
Encontrava-se em um momento estático, em que seus sentimentos não bastavam, não eram mais necessários, outros haviam tomado seu lugar, ou talvez a ilusão fora sua principal aliada em todas as lembranças que havia construído, jamais houvera seu lugar.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Oportunidades

Fora um dia longo. Oh, sim, fora um dia demasidamente longo.
Seu corpo inteiro estava dolorido, uma dor mais profunda do que ele poderia imaginar. Todo seu ser transpirava sentimentos tristes, culpa, raiva, solidão, insatisfação, ciúmes, sofrimento.
Culpava a si mesmo por não ter tido a coragem necessária para se expor por um momento, um simples momento em que precisava deixar o escudo cair, para salvar-se, manter-se novamente seguro dentro da barreira.
Agora encontrava-se parado junto a lareira, observando a chama, sofrendo com seus tolos pesares, nada mais adequado para um simples néscio.
A mudança havia passado, havia escapado, pôde enxergá-la no ar, como uma leve névoa, cheia de cores, esvair-se deixando suas cores no ar, azul, verde, lilás, rosa... Eram tantas cores que poderia acreditar que no fim fora apenas branca.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Enxergar

Foi numa tarde cinzenta, talvez.
Olhou para os lados e enxergou tudo, como deveriam ser, os detalhes, as cores, a luz e sombra. Era um pequeno aposento, estava iluminado pela luz que entrava pela janela, a sombra dominava o lugar, encontrava-se em frente ao espelho, poderia ver cada detalhe seu, seus olhos, boca, cabelos, pele, tudo em seus mais nítidos detalhes, era com se enxergasse pela primeira vez.
Mas era também, como se sofresse pela primeira vez. Nada lhe fazia o menor sentido, estava ali, vendo melhor do que em qualquer outro momento, mas não se encontrava realmente ali, nada estava. Perdido, essa era a unica palavra que se encaixava.
Novamente a umidade nos olhos, mas não bloqueavam sua visão. Talvez, aquele fosse o momento da sua primeira revelação, conclusão, e o que mais queria fazer, era atirar-se do primeiro precipício que aparecesse. Não valeria a pena viver com aquela conclusão horrenda e miserável, não valeria. Mas a morte, era algo que temia com tamanha intensidade que encontrava-se encurralado.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Em um momento se viu perdido, olhava para os lados e apenas o que via, eram as estradas sem fim, sem ponto de chegada.
Estava escuro, é claro que estaria, o céu não brilhava, eram, apenas nuvens...
Sabia que estava perdido, não tinha para onde ir.
No fim, apenas sentou-se no meio da tortuosa encruzilhada e esperou, não tinha para onde ir.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Dissipar

O tempo parou por um centésimo de segundo, uma eternidade para ela, que olhava diretamente para seus olhos e via a escuridão tomá-los, a distancia criar-se entre eles.
Nada poderia fazer, nada mais do que observar, sentir, calar-se. Ele já se encontrava fora de seu alcance, a oportunidade de reverter algo havia se feito à tempos atrás, o que restou fora somente suas lembranças do que haviam passado, e sua imagem criada para confortá-la, do que teria acontecido se tivesse tomado alguma providencia em uma ocasião antiga.
A nostalgia tomava-a, o lugar não lhe era estranho, as árvores assustadoras com seus galhos sendo levemente movidos pela brisa calma da madrugada, o céu cada vez mais claro, o azul cada vez mais pálido, as estrelas sumiam aos poucos, o cheiro de orvalho chegava-lhe ao nariz, assim como o cheiro das folhas e terra levemente úmida.
E o cheiro mais comum para ela, o dele, levemente adocicado, mas forte por conta da distância percorrida, a imagem que lhe era mais apropriada, a dele, parado em pé no campo, cabeça levemente inclinada, os cabelos moviam-se levemente, mas algo não era comum, o olhar duro que lhe lançava, toda a história em que poderiam ter participado juntos, se dissipou, ela sabia.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Ações

Não é porque você possa, que você deva...

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Gritos

Procuramos diversas vezes distorcer o que sentimos, ouvimos, falamos.
O quão intenso é o sentimento da aceitação, faz com que mudemos hábitos, pensamentos, ideologias, imaginação, ações, movimentos, e, mesmo a própria vida.
Tornamos-nos cobertos de incertezas.
A cada momento uma nova convicção, um novo padrão, encaixe-se neles ou seremos massacrados por parte de nossa própria consciência que grita incansavelmente, palavras que embaçam nossos sentidos. Ficamos ali, parados, quietos e domados, sem poder escutar outra parte de nossa mente, que repete diversas vezes, como um suspiro, que devemos seguir o que queremos realmente, a nossa necessidade, o nosso ser, encontramo-nos surdos demais, exaustos demais.
E por exaustão ou talvez tédio pela árdua luta, rendemo-nos aos gritos.