quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Olhos

Seu olhar direcionava-se à janela, estava vago.
Conseguia-se enxergar seus pensamentos com a simples imagem, encontrava-se tão imerso neles, que poderia ser um pecado perturbá-lo.
Olhos poderiam se preencher de lágrimas.
A maneira que a luz entrara no recinto era tão bela, que se tornava difícil observar outra direção.
Ele estava ali, parado, belo e calado, com seus próprios devaneios e nada mais importava. Somente ele, a respiração e o cheiro. E como era maravilhoso o cheiro, tão límpido e quente.
O que restava para os simples observadores? Render-se às lágrimas que chegavam e embaçam suas visões, abaixar suas cabeças neuróticas diante do belo garoto de olhos sonhadores e pensamentos incomuns.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Momentos esquecíveis

Se a inocência fosse mantida,
continuasse a fazer parte do ser.
Conhecem o mundo e tornam-se mais e mais secos.
Desprezíveis e odiosos,
Ignorantes e egoístas.
Os contos noturnos antes de dormir,
são deixados de lado, ignorados.
A salvação perdeu-se em alguma ruela,
Esqueceram-se de agarrá-la consigo,
Estavam demasiadamente cegos, vislumbrando
momentos esquecíveis.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Imerso em sombras

E o leve contorno de mais uma pessoa no recinto fora revelada pela fina película do vidro, onde nada permanecia oculto.
A sombra que ali estivera, encontrava-se desde o inicio de todo o acaso?
Oh! bem, não poderia descobrir, a sombra desaparecera junto com a névoa da noite, carregando consigo todo um conhecimento proibido.
Deveria exaltar-se? Não queria realmente, estava fatigado demais para preocupar-se com algo como isto. Mas, voltou-se novamente para o dialogo em questão, a pessoa parada frente a lareira, soltando soluços impiedosos e olhar lacrimejante.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Chuva gélida

Sentia o frio gélido da chuva de verão. Não entendera todo o medo e angustia que adquiriu por vê-la parada sob a chuva, como ele, com ombros e cabelos encharcados, pelos arrepiados, suspiros altos.
A monotonia se quebrara por conta do breve momento em que se encontraram.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Cores

Envolto de suas ilusões ele se perdia, parte de sua mente estava no passado, outra cercava-o do presente.
No presente via-se em frente ao mar, olhando a calmaria das ondas, o colorido do céu nascente, uma imagem bem comum, pensava, ria consigo mesmo em como aquilo ainda era possível para ele.
No passado, sentia-se sufocado, via somente o piso daquela antiga casa que cheirava a mofo. Os gritos, cheiros e gemidos o atormentavam.
Sua consciência estava a esvair-se, do presente e passado, só restou-lhe a escuridão.

Repentina mudança.

Hoje não colocarei nenhuma parte do tedioso livro. Só quero postar algo.

Bem, não há muito o que dizer, "travei" na quinta parte e não sei como continuar, mas tudo já existe na minha cabeça. Então, enquanto não consigo continuar, vou fazer algumas postagens sem conexão com todo o resto.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Quarta parte.

A pálida luz que entrava através da janela naquela manhã, incomodou os olhos de Peter, forçando-o a acordar. O aposento estava bem iluminado, as cortinas pesadas, não estavam sobre a janela como eram seus lugares habituais, o dia estava nublado. A cama macia e aconchegante fazia com que seu despertar se prolongasse, os detalhes do quarto, estavam mais chamativos para ele, o ornamento da cama, que era de uma madeira de cor escura faziam um belíssimo contraste com as cortinas vermelhas, até mesmo os quadros na parede continham tais tons.

Passado mais alguns minutos observando, Peter enfim percebeu que encontravá-se despido sob as cobertas, e como uma onda, recobrou as lembranças confusas da noite anterior.

Como arrependia-se imensamente de ter tratado de maneira tão brusca Joseph, seu querido amigo. O cartão veio-lhe logo depois a mente. Onde estariam suas roupas?  Como chegara em casa? Não deveria ter se afogado? Por que razão estava sem suas roupas?
Em sua consciência lembrara-se do leve toque dentro da água, a sensação de seus pulmões enchendo-se de ar, do roçar de cabelos sedosos e molhados em seu rosto.

Seu olhar vagou por todo o aposento a procura de suas vestimentas, quando enfim as avistou jogadas em um canto, levantou-se subitamente e foi ao alcance de tais.

Remecheu-as a procura do cartão, estava no bolso de seu casaco, a umidade que as roupas ainda continham, fizeram com que ficasse quase ilegível. Peter o deixaria secar depois tentaria lê-lo.

Apesar das costelas doloridas e do ardor das narinas ele pensara que estava bem, e vivo consequentemente. Como alegrava-lhe respirar e ainda poder vagar sobre a terra, noites antes do incidente refletira detalhadamente sobre a morte, ou acreditara que o tinha feito. Mas como estava absorto em descobrir-se um covarde, temia com tamanha intensidade a morte, via vários homens fraquejarem diante de tal, mas não entendera o motivo. Diante dela seus medos vieram à tona, suas dúvidas se sobressaíram.
O que haveria então depois do terrível fim? Apenas o esquecimento, o corpo apodrecendo, como sendo o ultimo vestígio de que se lembrariam?
Não poderia acabar assim, como o angustiava pensar tais barbaridades, a morte sendo o simples esquecimento e escuridão eternos, ou qualquer outra crença que tivessem, como torturavá-o tais pensamentos.
Queria livrar-se da dor que trazia consigo, mas tudo era assustador, não queria morrer, não gostaria de esquecer-se, perder-se na escuridão. A vida não trazia consigo o menor sentido ou razão. Era-lhe um tortuoso caminho que chegaria a um fim que todos esperamos, mas que tememos. Como afinal tudo era hipócrita. Amara a vida intensamente depois simplesmente morrera, por acabar sem vivê-la por todo completo e sem achar uma solução para a morte.

Mas o sofrimento era-lhe demasiado forte para seu coração agüentar, seu cérebro acompanhar, por demais espinhoso, a verdade esmagavá-lhe as entranhas.

 

sábado, 4 de abril de 2009

Terceira parte.

Sua visão fora afetada, encontrava-se aturdido. Os detalhes lhe escapavam, o lugar era estranho. O chão desgastado, as construções de pedra, faziam com que seus passos ecoassem, assustando-o constantemente. Ele sabia que se aproximava da encosta, conseguia ouvir o som da água contra as rochas.
O vento cegavá-o, as gotas que caíam da imensidão acinzentada, faziam extremo barulho ao alcançar o chão. A rua estava escura e deserta, nenhuma pessoa prosseguia por tal caminho, apenas ele, o estranho, que gostaria de desaparecer, tornar-se inexistente.
Sua dor tornara-se maior, piorara através do tempo por culpa de seus tolos pensamentos, as memorias que tentara recordar, não foram suficientes para afugentá-los.
A paz que tanto desejava encontrava-se no rio, de alguma forma, ao se aproximar a cada passo, descobrira tal sentimento. A umidade contida no ar tornavá-o mais sufocante.
Suas narinas ardiam, os olhos encontravam-se irritados por conta do vento e da chuva. Encomodos como estes eram ignorados, conseguira avistar as ondas. Ideias rodeavam sua cabeça, o frio toque da água em contato com seu corpo, o deixaria são. Peter não se desligava de tamanha sensação, aproximara-se do beiral, tinha uma melhor visão, a cor do fino véu era escura, pálida, mas estava inebriante aquele lugar.
A inclinação de seu ser, fez com que deslizasse e caisse de encontro ao manto aveludado. Perdera-se em novos e velhos pensamentos, conclusões foram resultadas no mesmo instante. Finalmente sentira-o, o impacto contra a água, o impolgante frio que o envolvera e o sabor dela, diretamente em contato com sua lingua.
Seus pelos se erissaram, o encontro o aturdira, ele não conseguia emergir, encontraria enfim a calma.
Não sobrara mais ar em seus pulmões, a lucidez lhe escapava por entre os dedos, poderia senti-la se esvaindo, em determinado momento a escuridão o tomara. Encontrava-se preso em sua mente confusa, as luzes coloridas eram vistas de repente, os contornos fracos de rostos, o leve formato do cartão também fora lembrado.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Segunda Parte.

Caminhando lentamente Peter consegue enfim sair do aposento. Seguindo furtivamente para o segundo andar da imensa residência, o chão de uma madeira escura e lubrificada, as paredes seguiam o mesmo padrão de palidez. Os quadros que pendiam nas paredes pareciam entristecer o andar, no canto escuro do estreito corredor uma pequena mesa, sobre a qual descançava um velho vaso de flores, o único sinal de vida do ambiente.
No fim do corredor Peter encontra finalmente a porta de orvaho escura e grossa, da qual se lembrava tão bem. Indo adiante esquecendo-se de seus bons modos, desliza através da porta e entra na biblioteca.
As estantes continuavam abarrotadas de livros antigos, a pouca iluminação dava a ela um aspecto sombrio.
A escrivaninha ao canto encontrava-se coberta de pápeis rabiscados. Ele lia cada pedaço de papel com uma certa aflição no olhar, procurando por algo em especial entre tantos versos, cartas, cartões e convites.
Até que, enfim, com um ar de calmaria ele encontra entre os diversos pertences o que tanto procurava.
Com os olhos flamejados, ele finalmente levanta seu olhar e observa a comum figura que estava a sua frente. O absoluto silêncio é quebrado por apenas um suspiro baixo e rouco:
_Então, aí estava. Estava o escondendo de mim não?_com a voz afetada pela estranha emoção de alivio.
_Claro que não, meu caro. Minha cabeça anda tão cheia de compromissos que havia me esquecido de onde colocara este velho cartão. Não queria dar-lhe esperanças se não o sabia. O cartão que tanto procurara. _ a calma em sua voz teria sido de tamanha perfeição, se não fosse o leve tremor de seu suspiro.
_Cheia de compromissos?! haha. Não seja tolo Joseph. Não vou mais cair em suas velhas blasfemias, o conheço tempo suficiente.
_Não mentiria para você, Peter. Me ouça, por favor.
_Creio que não o faria. Mas o fez e, escutei-o tempo demais. Sabia o quanto eu procurara, era meu confidente, sabia de tudo que se passava, da minha angústia e sofrimento.
_Eu os sabia, foram esses os motivos que me fizeram escondê-lo de ti. Pelo que grande apreço que sinto por você, por nossos anos de amizades.
_Não devia tê-lo feito, o meu afeto sucumbiu, pode ser passageiro, mas confiar em ti, não saberei dizer nesse instante.
Retirando-se da biblioteca, em seu último vislumbre do rosto de seu companheiro, Peter o vê inerte, os olhos fixos no lugar onde estivera segundos atrás.
Novamente na chuva, que agora não passava de um simples chuvisco, tentou sair o mais rápido da frente da casa.
Quando finalmente saiu da vista da residência, Peter começou a caminhar calmamente.
Os únicos sons na noite eram o de seus passos e o do martelar de seu coração. Sentia uma imensa aflição que tirava-lhe toda a atenção, não sabia exatamente para onde seguia ou qual caminho havia pegado para tal destino. Em sua mente retornava inumeras vezes a conversa a pouco, não entendia os reais motivos do amigo de esconder-lhe o cartão que durante tanto tempo procurou.
Sua cabeça latejava, sentia-se estranho e dilacerado pela atual decepção.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

O começo.

Era quase meia-noite, quando encharcado pela chuva, que caía naquela noite de verão londrino, entra de maneira brusca Peter, na casa de seu velho amigo Joseph. Que se encontrava encostado em sua poltrona em frente a gigantesca lareira, com seus sinuosos detalhes a ouro e mármore.
Parecia insignificante a presença de Peter naquele lugar, Joseph mal o olhara, significava, se certa forma, que ignorava seu amigo por algum motivo do qual não queria tratar.
_Então realmente veio? Não acreditara na minha palavra Peter?_ disse Joseph, rompendo o constrangedor silêncio que pairava sobre a sala. Era um rapaz de pouca idade, com cabelos ruivos e crespos, olhos cor de avelã, com uma incomum beleza e elegancia. _ O que lhe foi dito?
_Não queria acreditar, mas a maestria de todo esse acaso teima em entregar-te. _ respondeu Peter, com seus cabelos cor de ébano, que caiam lisos até os ombros, encharcados, fiseram contrate com sua pele translúcida. Grandes gotas de água deslizavam por seu lindo rosto, contornando seu nariz e lábios. Seus olhos normalmente tão verdes pareciam escurecer a cada palavra pronunciada no aposento luxuoso.
_Então é somente isso que diz? Não tem mais aquela sua antiga íngua e atrevimento que tanto me agradavam e pertubavam meu caro amigo?
_Acho que minhas palavras se perderam, como tudo que me cerca, pela primeira vez, fico sem ter o que dizer. Isso é lamentável, pois necessitava muito de minha íngua nesse momento, porém... Sabe o que faço aqui, não?
_É claro que sei. Mas da mesma maneira temo por nossa amizade. _ finalmente olhando o amigo, Joseph observa a pequena poça que se forma no belo carpete. _ É melhor secar-se.
_Teme por nossa amizade? Então tudo o que escutei não foram apenas boatos precipitados e tolos. Você realmente o ocultou de mim? _ a sua voz tornáva-se cada vez mais áspera e desesperada. E analisando sua roupa, viu que Joseph tinha razão. _ Certamente, é razoável eu me secar. _ ao termino da afirmação, sentia-se estranhamente nervoso. Preso em sua grande confusão.