domingo, 25 de abril de 2010

Bonheur

Encantado estava naquele mesmo estupor. Envolvido apenas de pensamentos, lembranças e sonhos.
Envolvido por pessoas irreais, das quais a presença era tão saborosa e tão coberta de fragrância, que poderia ir com as belas criaturas a quaisquer lugares, assim que o chamassem.
Tocá-las, não fazia parte de seus desejos e planos, sabia que ao encostar, sentir suas leves texturas, descobriria a mais deprimente verdade.
O lugar fazia parte de mais uma de suas velhas lembranças, paradisíaco, estático, sóbrio, imutável, com a combinação mais bela já vista, com espectros rondando-no.
Despertara nele a consciência de que um ser sonhador em meio a toda aquela imaginação, poderia desfrutar de um momento verdadeiro, onde fora um dos a experimentar a felicidade.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Os tempos

As imagens angelicais, são tremendamente belas e tristes.
Tão belas que lágrimas chegam aos olhos e retiram suspiros profundos e demorados.
Tristes pois lembram-nos de nossas próprias falhas, e forçam-nos a pensar em tais.
Belas e tristes, combinação dramática e ideal, a beleza mais profunda está na tristeza, pois na tristeza enxergamos com mais clareza, maior razão.
É a beleza que nos toca, faz com que sentimo-nos aflitos e pensativos.
E anjos que deveriam simbolizar a felicidade, paz, luz...
Cegam-nos com o brilho de sua beleza, deixam-nos desnorteá-dos.
E acabaram por perder todo seu simbolismo nos tempos modernos. Mas, se pensarmos, eles representam algo mais profundo e mais tocante para as pessoas dos tempos modernos.

terça-feira, 6 de abril de 2010

La fin

Percebemos tantas coisas, quando por um simples impulso, paramos e pensamos um pouco em nossas próprias vidas hipócritas e sem sentido.
Descobrimos tamanhos erros, diversas cenas inacabadas, abandonadas. Descobrimos também que nos metemos em imensuráveis coisas por simples deslizes, simples incompreensão ou tédio talvez.
Queremos voltar atrás em diversos destes casos, mas nossas queridas e únicas chances se foram, teremos agora de meter-nos até o fim de todo o assunto, magoar alguém, se machucar, chorar, rir, arrepender-se, cantar, gritar, pular, enlouquecer-se, diversas possibilidades no grande final, mas nenhuma é o certo, o mais seguro, ou o mais cotado para ser "perfeito".
Não existe nada perfeito, sabemos disso, e mesmo assim iludimo-nos sobre isso, queremos crer que existem o certo e o errado, o bom e ruim, anjos e demônios, queremos tudo tão bem dividido que esquecemo-nos que tudo é simplesmente uma grande massa uniforme de casos e pessoas, sentimentos e razões, iludimo-nos, para não enlouquecer e perdermo-nos em nossas próprias vidas, queremos tanto ter um destino, que esquecemos que estamos taxados a viver inconsciente e sem respostas.

sábado, 3 de abril de 2010

Lares

A estranheza da situação o deixou perplexo. Estava feliz, envergonhado, acanhado e triste, não sabia como poderia haver tamanha junção de sentimentos, mas nele havia.
Em seu íntimo queria chorar de felicidade e pesares, queria demasiadamente ficar inconsciente, apenas despertar quanto toda a confusão houvesse passado.
Como gostaria de poder voar e esquecer com facilidade, como queria simplesmente viver.
Sentir a respiração livre, com o ar úmido e morno, frio talvez, mas assustavá-o a sensação de gelo em suas narinas.
Precisava de um tempo consigo mesmo, com sua consciência, sabia disso.
Então parou, olhou em sua volta e percebeu que havia chegado no único lugar em que se sentia realmente em casa, onde, nada mais importava, não havia mais sentido em suas preocupações.