sexta-feira, 24 de maio de 2013

Pedaço da torta

Somos parte disso, de todo esse conjunto de moléculas e átomos que compõem o que achamos que conhecemos. Somos isso, somos parte, somos vivos e existimos. Existimos? Isso não importa, não mais, fechei meu corpo para o mundo e ele insiste em entrar. Na verdade é uma insistência tão abrupta que chega a ser dolorosa. Quero ser novamente o muro que costumava ser, deixe-me assim! Quero ser depósitos de pensamento, pensamentos acumulados ano após ano, dia após dia, um emaranhado de respostas inconclusivas que fazem dessa realidade atômica um pouco mais aceitável. Minhas verdades inconclusivas, suas verdades inconclusivas, nossas verdades, nossa variedade, nossa espécie, nossa humanidade desumana. Nossos fins desprovidos de sentimento, perdão, culpa, nossa morte desumana, nossa matança desumana, nossa pena desgarrada e falsa. Apenas lágrimas que saltam dos olhos pelo que acreditamos ser sentimento, mas na verdade é só exposição egoísta por não estar na situação, choro de alívio, não de tristeza. Nossas próprias respostas inconclusivas da nossa realidade irrealista desprovida de humanidade e recoberta de tristeza. Somos parte disso, parte da realidade matemática, física e química, que acreditamos estar por cima e nada do que faremos terá resposta alguma do que já falamos repetidas vezes. Somos apenas um pedaço e não o todo, somos parte disso.