segunda-feira, 29 de abril de 2013
Y.
Se abrisse os olhos, estava ciente do que iria encontrar, então proibiu-se a abri-los e encarar o que estava parado bem a sua frente.
Não gostaria de saber, sem mais desculpas ou mascaras a que se apoiar. Então, parou e apenas permaneceu com os olhos fechados, seus pensamentos davam voltas e mais voltas no mesmo raciocínio, o que já o irritava e lhe dava vontade de disparar um tiro contra o próprio crânio, para não ter a necessidade de ter mais uma vez a conclusão, a tão terrível conclusão.
"Nego-me a me ouvir, nego-me a enxergar. Estarei para sempre perdido na escuridão da ignorância, enquanto isso me poupar da realidade", repetia para si, como uma natural oração que fluía, para desviar e expulsar os pensamentos, para impedir e expulsar a realidade, o temeroso, o inconsciente... A sua vida.
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